Descrição
Vejo tudo em sépia
Não, o primeiro dia do ano não me trará os dias
perdidos, a primavera que chegará não é renovação.
Eu não me renovo
O sol de primeiro de janeiro não é Fênix renascida.
Todas as frinchas janelas frestas para o deus dos
umbrais,
e, apesar da física quântica, o ano morreu e o
mundo dá mais um passo para o abismo.
Não me venham com outros tempos:
tempo mítico – tempo cíclico quando o humano
plantou pela primeira vez a sua pobre roça ou
o poeta balbuciou o primeiro verso — tal tempo
está perdido
não sabemos viver em um dia cósmico
de unidade perfeita.
Não se passa duas vezes pelo mesmo rio, a não ser
por ti, Pinheiros
–
Antônio Souza da Cruz é originário de Surubim, uma cidadezinha do agreste pernambucano. Nascido em 1971, mudou-se com a família para a periferia de São Paulo em 79. Atualmente trabalha nos Correios. Possui um livro publicado pela editora Patuá em 2015, O deus dos famintos e, em 2017, participou da Golpe: antologia-manifesto, com o poema “O interrogado”, da Nosotros Editorial. Sobre seus poemas, pode-se dizer que são marcados por duas paisagens principais: o sertão pernambucano e a periferia paulistana.
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