Descrição

“Era sempre assim: sete horas, mãe dava alguma coisa para comer, às vezes café com pão, ou café com farinha, quando não tinha café, ela dava chá de erva-cidreira. Lembro quando tinha pão e eu cortava em pedacinhos e colocava o pão, ou bolacha, no copo com café ou chá, fazia um pirão e comia… eita que era muito bom. Meio-dia era o almoço, que ela colocava no prato de esmalte. Algumas vezes a barriga doía, como ela não chamava, eu ia para casa comer e ela fazia um pirão d’água, depois amassava com as mãos, fazia dois bolinhos e dizia: “vá, vá brincar, vá”, eu saía e voltava a brincar, e comia manga verde, chupava limão. A dona Lucia sempre dava merenda pra Zinha e Zinho, e eu sempre merendava com eles, então, quando eu estava brincando, não sentia fome.”

Edileusa Souza: Mãe, avó, esposa, dona de casa, empresária, uma amiga do bairro ao qual todos recorrem para solicitar uma ajuda, um conselho, um afago e agora também escritora. Edileusa de Sousa Silva nasceu em 1965 na Bahia, mas aos 3 anos de idade foi morar em Minas Gerais. Aos 15 anos deixou a escola para trabalhar de doméstica. Aos 18 anos foi morar em São Paulo onde reside até os dias atuais, trabalhou vendendo produtos de revistas, lençóis e panelas. Aos 30 anos começou a trabalhar com submontagem de peças de fogão onde aos 36 foi registrada como líder de produção. Aos 45 anos Edileusa decidiu escrever as memorias de sua infância que viveu em Minas Gerais, o que deu origem a esse livro “Nanuque”.