Descrição
Não-desejos
Queria cantar dores
ao mar.
Mas a frente do olhar lacrimejante
o Rio Branco majestoso se descortina
Queria conversar
com Iemanjá
Mas atenta
a Iara ouve
Queria me perder
na imensidão sem fim
do mar com todos os seus santos
Mas o cerrado alagado
pelo inverno feroz
sincretiza os anseios
Queria avistar
o mar de gente preta feliz
que me amiúda
apequena
e convida a esquecer
as dores que já não me habitam
Mas um mar vermelho trigueiro
inunda meus olhos
apimenta
e a Cruviana me faz rodopiar
feliz
–
AS IMPRESSÕES DAS PONTAS DOS DEDOS DE MAINHA NO CUSCUZ por Jacilene Cruz “é uma obra que vale a pena ser lida por todos que veem na lida do dia a dia algo mais do que o banal ir e vir, pois, se a vida fosse assim, qual seria a sua razão de ser? O sentido da escritora é simples, tem a ver com olhar encantada para uma árvore seca, para o lavrado e, mesmo diante da violência de uma sociedade doente, esperar (lutando) por dias melhores. O trágico e a felicidade bailam lado a lado em.” Do prefácio de Felipe Figueira.
Jacilene Cruz, nascida na zona rural de Cruz das Almas, cidade do Recôncavo da Bahia, sempre se manteve próxima de questões políticas e culturais, por isso esses elementos estão presentes em sua escrita. Tem o 23 como número marcante na sua vida: aos vinte e três anos de idade, formou-se em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana – BA, e depois de outros vinte e três, tornou-se mestra em Educação pela Universidade Estadual de Roraima. Na lacuna entre as formações, caminhou pelo ensino básico, isso a fez ver o quanto o aluno, especialmente adolescente, necessita de leveza e beleza na sua trajetória escolar, por isso, optou por desenvolver alguns projetos literários e estudar a relação da poesia com o ensino e a aprendizagem. E por falar nela, a poesia é sua companheira inseparável.
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