Descrição
São Paulo é marcada pelas suas padarias, seus bares de origem italiana, seus cafés ao lado de cinemas de rua e também pelas casas noturnas. Muito dessa ópera urbana é regada a relações frias e indiretas, assuntos que não terminam ou que ficam em suspenso até a segunda ordem. A cidade onde tudo e nada acontece, sempre ao mesmo tempo.
Os aplicativos de relacionamento surgem e ganham força nesse contexto; onde pessoas preferem ficar conectadas ao celular em pontos que seriam, em tese, pontos de interação. Eis o ponto de partida do romance Contando Veias de Luciano Portela. O personagem do qual não sabemos o nome (mas sabemos tudo sobre sua vida) escreve um diário, este que, busca montar como uma espécie de colcha de retalhos memorialística, sua relação com uma mulher chamada Esperanza. A memória, essa teia que une os fragmentos trazendo uma visão por muitas vezes parcial mas também denunciando os conflitos do personagem e da mulher que ele tanto idealiza e busca.
Esse percurso amoroso às avessas é entrecortado com cigarros (uma ode a Julio Ramón Ribeyro), músicas (Lou Reed e seu polêmico disco Metal Machine Music) e um passeio amoroso em um dos bairros antigos de São Paulo (a Vila Madalena com a presença da Mercearia São Pedro e Nick Cave).
Contando Veias é uma viagem imersiva as dores particulares, uma reflexão sobre a masculinidade (por muitas vezes tóxica), sobre a existência e a frivolidade das relações humanas dentro de uma metrópole que apesar de seus encantos também esmaga e sufoca.
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LUCIANO PORTELA é natural de São Paulo, historiador e professor. Escreveu o livro de contos Carolina foi para o Bar Exibir seus Lindos Pés (Giostri, 2014), o romance Tudo que Afeta o Movimento (Penalux, 2017) e, como organizador, o livro de contos A Última Canção (Patuá, 2018) e também fez contribuições para a revista literária Chorume. Atualmente estuda roteiro, prepara um próximo livro.
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