Descrição
As palavras da minha tataravó
peregrinaram numa fonte de muros,
de onde ecoou um grito quebrando cântaros.
Mesmo assim os pássaros voaram.
As palavras da minha bisavó e de sua filha
que não conheceram as linhas os lápis
nem caderno nem lousas nem aulas.
Foram joelhos dobrados na beira do rio,
plantio e colheita de milho e feijão.
Trecho de “Quem trouxe você aqui nunca chegou”
– Espada de Iansã, grito de mulher, de Eloísa Aragão, reúne 34 poemas que atravessam paisagens afetivas, cotidianas e políticas. A poesia que dá nome ao livro, de saída, evoca a imagem de temporais que arrebentam correntes e resistem às fissuras do tempo. Iansã, orixá feminina, que batiza a própria planta, materializa a força dos ventos, da vocação guerreira e passional. As hastes verdes de bordas amarelas, hábeis protetoras contra o mau agouro, suportam ainda a escuridão e a sede. – Elaine Moraes jornalista, professora e escritora.
Eloísa Aragão é paulistana, nascida em 1968, no signo de Aquário. Cursou História na USP e lá fez o mestrado e o doutorado, em cujos temas associou a história e a literatura. Tem longa experiência no mercado editorial e desempenha-se como editora, parecerista e revisora de texto. Mantém o canal Cultura em Mairinque e região, no Youtube, e publicou para crianças Teresa do jardim encantado (Com-Arte, USP, 2012); História de pinguins (SGDZ Books, 2020); e no papel de historiadora
Censura na lei e na marra: Como a ditadura quis calar as narrativas sobre suas violências (Humanitas/Fapesp, 2013). Orgulha-se de participar do Coletivo Enluaradas e de ter um poema na coletânea I Tomo das bruxas: Do ventre à vida (2022), organizada por Marta Cortezão e Patrícia Cacau.
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