Descrição
Augusto dos Anjos colocou em jogo a modernização brasileira. E, para tanto, experimentou com a linguagem e com as formas da poesia, desenvolveu uma dicção própria, refletiu inclusive sobre a subjetividade poética, substituindo a tradicional alma (ou espírito) transcendente por uma instância psíquica, um “Eu”. Em suma, fez poesia moderna. – Del Candeias
Escatológica no amplo sentido do termo, pois se fundamenta em imagens repugnantes e no fim da vida, a obra de Augusto dos Anjos oferece ao leitor que se atreve a enfrentá-la múltiplas formas de deleite e, obviamente, o prazer excelso delas todas combinadas: o encanto tenebroso de sua melopeia; o engenho de suas figuras originais; a expansão do léxico e das ferramentas constitutivas do nosso idioma, explorando os seus limites; o percurso e o aprofundamento cultural exigido à leitura; uma profusão de macabras epifanias científicas. – Adriano Dias
Augusto dos Anjos devolveu ao seu tempo e ao seu espaço determinados, uma espécie de ruído sublimado. Uma sonoridade não totalmente alinhada às expansões, contrações e expectativas da letra escrita (cujo paralelo possível seria com a música tonal). Há algo na aspereza de seu verbo, ou de sua anti-verve, que deriva dos sons não letrados, da música modal, do canto anasalado dos artistas populares que, certamente, circundaram-lhe a experiência e penetraram seu imaginário. – Evandro Camperom
Como uma força da Natureza, que surge, cumpre sua sina e desaparece, Augusto dos Anjos provou que a poesia serve muito mais para se vingar, para amaldiçoar, para entrar em transe, exorcizar o ódio e rir da face asquerosa do Deus – Verme. É o poeta que enaltece a angústia, que louva a desesperança, que homenageia as larvas que hão de ser as últimas testemunhas que nós, plebe da criação, levaremos juntos para dentro do féretro lacrado quando as horas expirarem. – Donny Correia
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sapé, 20 de abril de 1884 – Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas. É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, focando suas críticas ao idealismo egocentrista que se emergia em sua época, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos quanto por críticos literários.É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras (APL), que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada atualmente por José Nêumanne Pinto. Augusto dos Anjos também é o patrono da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.
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