Descrição
“ ̶ Escritores são perigosos. Principalmente aqueles que são fiéis a seus princípios e não se deixam abater pela opressão externa. E não adianta prendê-los. Você prende o corpo, não as ideias. E as palavras, senhor Alex, criam asas e, feito borboleta, alçam
voo na imaginação das pessoas. A arte é como mato na calçada, senhor Alex, nasce nas frestas.
̶ Por isso que a gente tem que usar herbicida, senhor Bartê, para acabar de vez com essa praga que vive atacando os pilares de nossos valores mais elevados.
̶ E, para defender esses pilares, vocês fecharam bibliotecas, escolas, universidades e aumentaram os impostos dos livreiros. Só para não fomentar a leitura.”
Visitando o realismo mágico, Cesar Augusto de Carvalho inicia HISTÓRIAS DE QUEM, a partir de intertexto relacioonado à escrita de Afonso Cruz e ao filme ‘Um dia, um gato’, de Vojtec Jasný. Entrelaçando referenciais que rememoram outros escritores, o autor questiona o fazer literário: plágio ou criação? E, dando prosseguimento à intertextualidade, Cesar Augusto de Carvalho cria, no cenário contemporâneo, um texto inventivo e original, ao metamorfosear paisagens, tramas e personagens circunscritas ao espaço e ao tempo poéticos. À dinâmica do ato criativo advindo da poiesis, o autor enfatiza a relevância da Literatura como desmascaramento de ideologias atreladas à atual sociedade de controle, que nos reduz ao CPF. E o QUEM revela-se perigoso indivíduo em oposição ao biopoder encarregado de subjugar populações por meio de modelos manipulados eletronicamente. – Mirian de Carvalho
Cesar Augusto de Carvalho caiu nas letras há muitos anos, mas, professor universitário, dedicou a maior parte de sua vida a publicar ensaios e textos acadêmicos na área em que atuava, Ciências Sociais e História. Ficção e poesia, que produzia aos borbotões, eram limitadas à leitura de seus amigos e eram escritas por hobby. Afinal, escritor e poeta, para muitos de sua geração, hoje ele é um velhote, faziam parte do universo inatingível das estrelas. Cesar Augusto de Carvalho não se considerava um deles. Mesmo incentivado pelo amigo, Uilcon Pereira, que lhe dizia: “Cesar, deixe de bobagens. Escreva. Publique. Vale a pena”, não se convencia. Precisou envelhecer para aceitar a opinião do amigo. O resultado foi que, uma vez aposentado, Cesar começou a publicar feito louco. Brincou com teatro, ao adaptar a história d´A Bela e a Fera para as crianças. Escreveu crônicas e contos publicados em diferentes mídias digitais. Seu primeiro livro de poesia veio à luz em 2013, ‘Proesia’. Ano seguinte, saiu ‘Toca Raul’ com os contos, crônicas e a radio novela que escrevia para o programa Estação Raul, veiculados pela Rádio UEL, de Londrina, no Paraná. Depois, saíram mais dois livros de poesia, ‘Lavras ao Vento, Pá’ (Benfazeja, 2017) e ‘Curto-circuito’ (Patuá, 2019). Cesar volta a publicar, agora com seu primeiro livro de contos (na verdade, a maioria escritos quando ele não se considerava escritor) o ‘Histórias de Quem’ e, como não poderia deixar de ser, é uma homenagem póstuma a esta figura inesquecível que é o Uilcon Pereira.
Avaliações
Não há avaliações ainda.