Descrição
Eu me puxava pelo santo das tuas mãos imaginárias
Para que meus pés não pisassem algum abismo
A rua antiga, feito rua de paralelepípedo, que poderia
Me levar a algum pedaço de História
Da nossa América Latina…
(Depois acordei. Mas ainda dormia).
Me desenhei numa poesia, assim:
Uma vírgula, um ponto ou algumas reticências.
Quando penso em você falando minha língua de Camões…
Muchacha, muchacha, muchacha,
Aquí en mis versos soy todo América para sus ojos
Ou, ao menos: soy el tiempo, el guerrero de vientos,
Ou um Quixote.
Juro por Sancho Pança.
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Neste momento a literatura não podia ficar ausente, e é com vivas e aplausos que recebemos a poesia de “Manifesto do fim do mundo”, de Cacá Mendes. Ela nos chega no momento certo. Iluminando a escuridão que vivemos. – Risomar Fasanaro
No início, o poeta adverte: “Poesia não está pra peixe”. Mais adiante: “Mil poemas podem não valer mais nada”. O tom aparenta ser desolador, devastador. Oxalá sejam só aparências. Penso que seja um belo cutucão pra ver se a gente se mexe, cospe o pigarro, ajeita o corpo e solta a voz, a plenos pulmões, em defesa o a esse absurdo estado de coisas – algo como que preconizado por Ailton Krenak para adiar o m do mundo. E o poeta dá a dica em Feliz aniversário (mesmo se não for): “Não é ano novo,
mas precisamos inventar um”. – Edson Tobinaga
Cacá Mendes Carlos Aparecido do Carmo, conhecido como Cacá Mendes. Licenciado em Letras, Português, pela Faculdade Sumaré, é produtor cultural, poeta, compositor e cineclubista, nascido em 1959 em Monte Belo, Minas Gerais. Vive em São Paulo desde 1980. Autor das seguintes publicações: O beijo experimental (poesia, edição do autor, 1986); Contido Descontrolado (poesia, Editora Plêiade, 2012). Participou de fanzines e foi colaborador com reportagens (sobre cineclube e teatro) e matérias no jornal Classe Operária (do Partido Comunista do Brasil), entre 1988 e 1992. Juntamente com o músico Edson Tobinaga criou, em 2008, Os Conversadores, nome tanto do espetáculo poético-musical, como do grupo, e que posteriormente, em junho de 2013, também daria nome ao Sarau dos Conversadores, criado por ele e Tony Fernandes. Um dos criadores e um dos organizadores das antologias poéticas Uma poesia hoje, antologia Brasil-Itália (Patuá, 2018) e 40 Poetas em SP (Patuá, 2019); e, é também um dos participantes da antologia “Quattro Poeti Brasiliani” (FirenzeLibre. Itália.2021), juntamente com Ingrid Morandian, Lígia Regina Lima e Cá Berto. Atua ainda como produtor de eventos, professor e consultor em projetos culturais para editais de fomentos, leis de incentivos e afins.
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